Corrida no Ar News | Segunda-feira | 17 de novembro de 2025
Eu estou careca de saber – bem careca de saber – que se você vai pegar pódio em prova (seja no geral, seja por categoria), você não pode usar fone de ouvido e não pode estar com telefone celular. Não pode. Essa é a regra do nosso esporte.
E voltou a acontecer, dessa vez com a Bruna Ianhez. Ela já tinha aparecido aqui no Corrida no Ar porque tinha até uma pessoa de moto filmando ela numa prova da Hoka, colocando outros corredores em risco. Depois descobri que tinha dois vídeos dela correndo de “pipoca” (sem estar inscrita) no próprio perfil dela, e numa delas ela pegou medalha correndo de pipoca – o que também não é legal.
O que aconteceu agora:
Ela correu uma prova em Porto Alegre (uma prova da qual ela é embaixadora da Netshoes) e se filmou do início ao fim. No vídeo, ela chega na prova, corre toda a prova se filmando e descobre na linha de chegada que foi a terceira colocada no geral.
A regra é clara:
Vou mostrar as regras de competição da World Athletics, que também são replicadas aqui pela Confederação Brasileira de Atletismo:
Assistência não permitida 6.3: Para o propósito desta regra, os exemplos a seguir devem ser considerados assistência e, portanto, não serão permitidos:
Item 6.3.2: “Posse ou uso de gravadores de vídeo, rádios, CD, transmissores de rádio, telefones celulares ou dispositivos similares na área de competição.”
A área de competição de uma corrida de rua é o percurso da prova.
O que deveria ter acontecido:
Nesses casos, a Federação vai lá e desclassifica o atleta. No caso, ela não foi desclassificada. Ela produziu prova contra si mesma.
Não sei se a prova tinha permissão da Federação Gaúcha, mas os árbitros tinham que ter desclassificado ela na hora que chegou. Agora, se a Federação não fez isso, a organização da prova tinha que ter feito, porque toda organização de prova tem que saber quais são as regras de competição.
Mas é claro que a organização não vai desclassificar a Bruna – a Bruna é embaixadora da prova. Imagina desclassificar embaixador da prova?
Por que isso é um problema:
É um mau exemplo. A Bruna correndo com celular, se filmando, vai incentivar que outras pessoas façam o mesmo. E podem ser desclassificadas porque ela mostrou isso, mas ela não foi.
E também para a marca que tem como embaixador uma pessoa que está descumprindo regras do esporte… Quem acompanha o Corrida no Ar sabe que isso não é permitido. E até por isso eu recebi esse vídeo de várias pessoas.
Alguém precisa avisar a Bruna que ela não pode fazer isso. É contra as regras da corrida. Não pode usar celular, não pode filmar. Descobriu depois que foi pódio? Tinha que ter sido desclassificada na chegada pela arbitragem.
Inscrições abertas para Maratona de Montevidéu
Acredite se quiser: as inscrições para a Maratona de Montevidéu já estão abertas!
Por que eu falo “acredite se quiser”? Porque Montevidéu há anos deixa os corredores com cabelo em pé. Eles abrem inscrições tipo três meses antes da prova.
A novidade: A prova vai acontecer no dia 10 de maio do ano que vem e as inscrições já estão abertas.
Eu acho que como deu tanta coisa errada no ano passado (principalmente a parte de hidratação, que faltou para os corredores dos 42km), eles decidiram: “Olha, tivemos grandes problemas, já vamos deixar tudo em ordem.”
A prova é da Prefeitura de Montevidéu – é uma empresa contratada para fazer, como em Curitiba (a prova é da prefeitura, mas a Global Vita que faz e vence a concorrência).
Isso nunca aconteceu na história da Maratona de Montevidéu – vocês ficavam sem informação até faltando três meses da prova, e do nada aparecia inscrição.
Talvez seja importante para eles porque a prova faz parte do Circuito Megafinishers, que reúne provas de 21km e 42km em capitais da América do Sul: Buenos Aires, Santiago, Assunção, Lima e Brasília e Montevideo, claro.
Vou deixar o link em algum lugar. Você pode procurar pelo perfil da Intendência Municipal (I.M. Montevidéu) ou na Ticketsports
Acho que as vagas vão esgotar também, né? Do jeito que está indo por aí…
Mais um óbito em corrida: Meia Maratona de João Pessoa
Mais uma notícia triste. Vou ler o pronunciamento da Meia Maratona de João Pessoa:
“A organização da corrida realizada neste domingo, dia 16, lamenta o falecimento de José da Silva Nogueira Neto, 48 anos, participante experiente e regularmente inscrito na prova de 21km. O corredor já havia participado de outras competições, como maratonas de 42km.
Ele apresentou um quadro de mal súbito e foi prontamente atendido pelas equipes médicas do evento. Os serviços médicos da Viva Saúde iniciaram os protocolos de emergência no local e realizaram todos os procedimentos cabíveis por cerca de 1 hora. Porém, infelizmente, ele não resistiu.
A estrutura médica da prova atende as exigências dos órgãos reguladores e conta com duas bases médicas, seis ambulâncias (três UTI móveis e três unidades de suporte básico), além de equipes de saúde treinadas distribuídas estrategicamente por todo o percurso.”
O que aconteceu:
Tem vídeo rolando do momento em que ele vai para o chão. Eu me recuso a mostrar esse vídeo. Pelo amor de Deus, eu não vou postar. Imagina a família ficar vendo isso!
Ele caiu faltando 200 metros para a chegada. Foi atendido por pessoas que estavam ali, médicos e tudo mais.
Me disseram (não sei a veracidade, então com reservas): chegaram duas ambulâncias e nenhuma das duas tinha desfibrilador. Só a terceira teria. Chocaram ele várias vezes, deram injeção de adrenalina, fizeram todo o procedimento que seria comum, mas não deu. Ele não resistiu.
A causa:
A jornalista Jaceline Marques, da Paraíba, fez um trabalho excelente. Ela entrevistou o médico e foi detectado no IML que o José tinha cardiomiopatia hipertrófica concêntrica. Parece que teve infartos do miocárdio prévios.
O cardiologista André Teles explicou:
“Algumas doenças cardíacas podem ser silenciosas. Uma das mais conhecidas é a cardiomiopatia hipertrófica – uma alteração no músculo cardíaco que pode provocar arritmias graves, principalmente durante esforço intenso. É uma condição genética, muitas vezes que não dá sintoma nenhum até o momento do evento.
O mais importante: correr faz bem. Atividade física faz muito bem para o coração, salva vidas, e o risco de morte súbita é baixo, muito baixo. Só que quando acontece, o choque leva a uma reflexão.
Quando vale investigar mais? Histórico de desmaio durante exercício, dor no peito, palpitação fora do comum, histórico familiar de morte súbita, pressão alta sem controle, ou quando a pessoa passa dos 40 e começa treino de alta intensidade.
No fim das contas: checkup não é frescura, é cuidado.”
É uma doença genética. Às vezes o sintoma é a morte súbita. Terrível.
Meus mais sinceros e profundos sentimentos aos familiares do Zé. Pelo que soube, era uma pessoa super querida pela comunidade, patrocinava provas de corrida e era carinhosamente chamado de “Negão” pelo pessoal.
Vamos fazer exames, gente. Vamos deixar as pessoas seguras de que estamos fazendo a coisa certa e procurando nos cuidar.
Destaques dos comentários sobre o estudo do sono
Rogério: “Interessante esse estudo. Durma bem demais.”
Robson Santos: “Sou trabalhador noturno. Este ano me lesionei duas vezes e elas vieram quando meu sono estava todo bagunçado.”
Dra. Ana Paula Simões: “A literatura já vem apontando que o sono insuficiente altera a percepção de esforço, reduz capacidade de reparo tecidual e aumenta marcadores inflamatórios. Esse estudo reforça exatamente isso. Não é só dormir bem, é entender que o sono é parte do treino, tanto quanto o fortalecimento.”
E por hoje é só, pessoal.
Muito obrigado pela leitura e até amanhã!
Sérgio Rocha
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